ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: REVISÃO INTEGRATIVA

Rafael Pires Silva1, Bruna Maiara Ferreira Barreto2, Danielle Moura Tenório3, Alessandra Conceição Leite Funchal Camacho4, Beatriz Guitton Renaud Baptista de Oliveira5

1, 2, 3,4, 5 Universidade Federal Fluminense.

RESUMO

Objetivo: analisar as publicações que enfocam a administração de medicamentos na assistência de enfermagem nas bases de dados no período de 2007 a 2011. Método: estudo de revisão integrativa realizada nas Bases de Dados da Biblioteca Virtual da Saúde (Lilacs e Scielo), no período de 20/05/2011 a 18/06/2011 em 16 referências analisadas entre os anos de 2007 a 2011. Resultados e Discussão: destacam-se como tônica nas discussões: capacitação com auxílio do ambiente virtual de aprendizagem através da Educação a Distância, erros nas prescrições que levaram a erros na administração de medicamentos, importância da prevenção para se evitar erros. Conclusão: contudo se tais ocorrências forem atentadas com orientações, recomendações e treinamento da equipe, melhor comunicação entre os mesmos, então o ambiente de trabalho ficará melhor e os riscos relacionados aos erros na administração de medicamentos diminuirão acentuadamente.

Descritores: Administração de terapia medicamentosa; Assistência de Enfermagem; Enfermagem.

 

 

INTRODUÇÃO

A administração de medicamentos em uma instituição de saúde é um processo complexo e multidisciplinar, em que todos os profissionais envolvidos têm como objetivo prestar assistência de qualidade, com segurança e eficácia ao paciente. A organização do processo de administração de medicamentos de uma instituição hospitalar, a eficiência e a segurança oferecida aos pacientes, dependem da gestão do plano terapêutico estabelecida do enfermeiro responsável e do envolvimento da equipe multidisciplinar.

Sobre a complexidade da administração de medicamentos na equipe multidisciplinar há de se pensar no desafio do sistema de saúde vigente, caracterizado pela revolução tecnológica e de elevada especialização neste contexto.

Basicamente, esta equipe é constituída por médicos, responsáveis pelas prescrições dos medicamentos, os enfermeiros responsáveis pela administração dos medicamentos e os farmacêuticos pela manipulação. Na função do médico a prescrição além de ser legível deve atender as necessidades do paciente o que exige análise diagnóstica exeqüível com a realidade do paciente. Em relação ao enfermeiro sua função requer pensamento e o exercício de juízo profissional na análise das medicações a serem administradas. O farmacêutico na manipulação da medicação e encaminhamento da mesma auxilia toda equipe, por meio da identificação de dados do paciente, checagem da correspondência de doses, avaliação dos componentes quanto à estabilidade, compatibilidade e possíveis interações.

Assim pode-se observar que este processo envolve muita atenção, inclusive a comunicação entre a equipe é muito importante, pois uma falha em qualquer fase do processo a ser desenvolvido, pode causar transtornos a toda a equipe multidisciplinar e até mesmo ao paciente, levando assim a erros na administração de medicamentos(1) que podem acarretar graves problemas.

Para que a assistência na administração de medicamentos seja segura e de qualidade, faz-se necessário que o sistema de comunicação seja eficaz, permitindo que a equipe multidisciplinar se relacione de forma clara e correta e as informações sejam transmitidas entre todos os profissionais(1).

A comunicação multidisciplinar seja esta verbal ou não verbal oriunda do registro deve fornecer informações relevantes sobre o paciente e qualificam a assistência prestada. Além disso, como um instrumento básico de cuidado deve refletir habilidades compatíveis com a atuação da equipe multisdisciplinar(2).

Outro ponto relevante refere-se aos efeitos adversos, que são implicações indesejáveis de correntes do uso de um medicamento. Um efeito adverso refere-se a um efeito não desejado de um fármaco. Os efeitos adversos podem ser decorrentes de efeitos tóxicos ou efeitos colaterais. Um efeito tóxico é um efeito adverso que surge em conseqüência da intensificação do mesmo efeito farmacológico responsável pelo efeito terapêutico do fármaco; por conseguinte trata-se de um efeito relacionado com a dose. Um efeito colateral refere-se a um efeito adverso que surge através de alguma reação farmacológica distinta daquela que produz o efeito terapêutico (estes efeitos podem estar relacionados ou não com a dose) (3).

Na terapia medicamentosa são necessárias algumas informações para se entender algum efeito adverso, e estas são: a reação adversa que pode ser devido prejuízos relacionado à medicação em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico e/ou tratamento de determinada enfermidade; algum erro na medicação que será definido como uma falha no processo de administração de medicamentos, que pode estar relacionado a prescrição, preparo, administração e monitoramento; pode ocorrer também erros potenciais que são eventos ocorridos, mas que não causam dano algum ao paciente, pois o erro foi corrigido antes mesmo de causar qualquer dano ao paciente ou a dose que foi administrada, mas que não causou qualquer injúria ao paciente.

Os efeitos adversos são aqueles inesperados e que causam dano ou lesão ao paciente pela equipe de saúde, seja causado por uso ou não uso de qualquer medicamento quando necessário.

Logo, ao se identificar quais são os erros mais comuns na hora se administrar um medicamento pela equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico ou auxiliar), há a necessidade de identificação dos fatores de risco que levam a tais erros, e logo tomar medidas preventivas para se evitar ao máximo os erros na administração de medicamentos(4).

Com relação ao aspecto ético o enfermeiro deve preparar e administrar as medicações venosas, soros e qualquer outro tipo de medicação a ser administrada ao paciente, pois assim respeitará o código de ética e evitará as penalidades administrativas que são aplicadas, e que são decorrentes da violação no cuidado a ser administrado ao paciente. Estas penalidades estão previstas no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem(5).

De acordo com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, pautado na resolução COFEN 311 de 2007, o enfermeiro deve ter competência ética, científica, técnica e legal para assegurar as suas atribuições com segurança ao paciente e a família, sem danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. Estes são uns dos princípios básicos da assistência de enfermagem(6).

Além disso, o profissional de enfermagem de acordo com a lei 7.498, de 25 de junho de 1986, tem como atividade privativa as seguintes atribuições: o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem; prescrição da assistência de enfermagem; cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida; cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas. Estas atividades privativas destacam as responsabilidades em relação as atribuições específicas do exercício profissional do enfermeiro no que diz respeito a administração de medicamentos(7).

Pois estas atividades são única e exclusivamente de responsabilidade do enfermeiro, e que o mesmo deve praticar com total atenção e responsabilidade na execução de suas atividades profissionais.

Assim, diante dessas considerações o objetivo deste trabalho é analisar as publicações que enfocam a administração de medicamentos na assistência de enfermagem nas bases de dados no período de 2007 a 2011.

O estudo mostrou-se relevante para pesquisa e para o ensino na  enfermagem devido aos recorrentes erros na administração de medicamentos e as graves conseqüências que estes erros podem acarretar causando problemas à equipe e principalmente ao paciente. A relevância mostrou-se também em relação a abrangência  do assunto, pois é um estudo que envolve múltiplas profissões, e apesar de inúmeras vezes ser um assunto comentado e noticiado, apresenta poucos artigos científicos que discutem a  problemática.

 

METODOLOGIA

 

Para viabilizar o desenvolvimento deste estudo, foi realizada uma revisão integrativa. O período da coleta de dados se desenvolveu de 20/05/2011 à 18/06/2011 nas seguintes bases de dados da Biblioteca Virtual da Saúde: Lilacs (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online).

A revisão integrativa é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática(8).

Outro aspecto relevante é que a revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permi­tindo a inclusão de estudos experimentais e não-experi­mentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propó­sitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidên­cias, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. A ampla amostra, em conjunto com a multi­plicidade de propostas, deve gerar um panorama consis­tente e compreensível de conceitos complexos, teorias ou problemas de saúde relevantes para a enfermagem(8).

Destaca-se que foram utilizados os seguintes descritores: Administração de Terapia Medicamentosa; Assistência de Enfermagem; Enfermagem.

Os Critérios de Inclusão das referências foram os seguintes: artigos publicados em português, inglês e espanhol; possuir aderência ao objetivo proposto; possuir ano de publicação entre os períodos de 2007 a 2011; devem abordar sobre a temática administração de medicamentos na área de enfermagem. A análise das referências foi baseada nas publicações dos últimos cinco anos (de 2007 a 2011) em virtude de se analisar dados recentes referentes à administração de medicamentos.

Os critérios de exclusão foram os artigos que possuem repetição nas bases de dados; não aderência as questões de administração de medicamentos na assistência de enfermagem; não estavam publicados na íntegra e sua abordagem não contribui para o conhecimento da área da enfermagem.

Realizamos uma leitura flutuante inicial das referências e, portanto, das 14 referências encontradas na Lilacs somente 5 referências tiveram aderência ao nosso objetivo; das 36 referências encontradas no Scielo 11 referências tiveram aderência e foram aproveitados dentro dos critérios de inclusão estabelecidos.

Na base de dados da Scielo das 11 referências selecionadas: todas eram referentes à área de conhecimento da saúde e da enfermagem. Portanto, ao realizar uma leitura em profundidade vimos que as 11 referências selecionadas tratavam de fato sobre erros na administração de medicamentos. Na base de dados da Lilacs foram selecionadas 5 referências, e todas foram aproveitadas. Portanto, as referências que foram analisadas são 16 sendo 11 (68,75%) na base de dados do Scielo e 5 (31,25%) na Lilacs.

Neste contexto, a revisão integrativa oferece aos profissionais de diversas áreas de atuação na saúde o acesso rápido aos resultados relevantes de pesquisas que fundamentam as condutas ou a tomada de decisão, proporcionando um saber crítico(9).

Convém ressaltar que para análise e validação do conteúdo proposto contamos com um segundo avaliador com experiência docente e com qualificação de titular em sua instituição de origem.

O fluxograma a seguir mostra com propriedade o descrito:

 

FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO METODOLÓGICO: REVISÃO INTEGRATIVA image001

 

 

RESULTADOS

Para análise das informações foi realizada a organização do conteúdo encontrado quanto ao ano, tipo de publicação e métodos/técnicas utilizadas, essência do conteúdo e produção do conhecimento, recomendações dos autores.

Portanto, sobre o quantitativo de referências por ano, temos os seguintes resultados: no período de 2011 não foram encontrados dentro do período de busca referências que contemplassem os critérios estabelecidos. No entanto, ocorreram 37,5% das referências no ano de 2010; 18,75% das referências no ano de 2009; 18,75% das referências no ano de 2008; 25% das referências do ano de 2007. Este demonstrativo nos leva a afirmar que no período de 2007 a 2011 ocorreu um pequeno aumento nas publicações referentes a erros na administração de medicamentos levando em consideração as questões da assistência de enfermagem e as situações iatrogênicas.

Ao analisar o tipo de publicação referente ao tipo de método e técnicas de pesquisa utilizadas encontramos 43,75% das referências trazem pesquisa do tipo descritivo-exploratório; 25% das referências são de revisão de literatura; 6,25% das referências foram sobre coleta de dados; 6,25% das referências foram realizadas por meio da revisão de literatura.

Esta tendência demonstra a importância do desenvolvimento de pesquisas sobre a temática de administração de medicamentos e suas implicações para o exercício profissional da enfermagem e consequentemente para a assistência à clientela.

Além disso, ainda sobre o tipo de publicação 6,25% das referências foram desenvolvidas através de estudo experimental; 6,25% das referências são do tipo descritivo-retrospectivo e 6,25% são estudos descritivos com delineamento transversal. Neste período as publicações estavam voltadas em maior parte para pesquisa do tipo descritivo-exploratório em detrimento das demais modalidades.

Concernente a essência do conteúdo e produção no conhecimento encontramos 18,75 % das referências que mostraram um a tendência de capacitação com o auxílio do ambiente virtual de aprendizagem através da Educação a Distância; 18,75% das referências mostraram diversos erros nas prescrições; 12,5% das referências relataram a importância da prevenção.

Ainda sobre a essência do conteúdo 6,25% das referências fizeram coletas de dados de dúvidas da equipe de enfermagem; 6,25% referem categorização de artigos e periódicos sobre a temática de administração de medicamentos; 6,25% das referências foram através de questionários aplicados a equipe de enfermagem para avaliar o conhecimento da mesma a respeito da administração de medicamentos; 6,25% relataram acidentes de trabalho durante o preparo de medicamentos; 6,25% mostraram as orientações, ações e atividades do enfermeiro na administração de medicamentos; 6,25% das referências relataram que o próprio enfermeiro que preparou o medicamento é quem deve administrar; 6,25% das referências relatam diversos métodos, técnicas de administração de medicamentos em pacientes com sonda nasoenteral; 6,25% das referências relataram que a enfermagem ainda se mostra tradicional diante dos avanços na administração de medicamentos.

Percebemos de acordo com as referências estudadas que 25% dos erros na administração de medicamentos estão relacionadas com a falta de interação entre a equipe multidisciplinar, por falta de conhecimento suficiente para saber resolver qualquer impasse na hora de se administrar o medicamento. Dentro destes 25%, encontramos muitos acidentes de trabalho que também estão relacionados à falta de conhecimento prévio por esta equipe de enfermagem na hora da administração de medicamentos.

Conforme evidenciado 18,75% das referências tratam do modelo de ensino-aprendizagem por meio das diversas mídias existentes como, por exemplo: a internet, vídeos, as mídias, entre outros, tem sido utilizado para auxiliar no ensino a distância e tem se mostrado muito útil, com resultados positivos. Assim, podemos perceber que as diversas formas de comunicação são muitos úteis nos dias atuais para a educação, seja em qual for à área de conhecimento.

Temos 6,25% das referências que mostram técnicos e auxiliares que têm dúvidas em relação à administração de medicamentos, então os mesmos procuram o enfermeiro responsável pela instituição ou setor para tirar essas dúvidas, porém quando não ocorre a resolução destas dúvidas, a probabilidade da ocorrência de erros na hora da administração de medicamentos aumenta.

Sobre as recomendações dos autores foram encontrados 18,75% das referências que relatavam que a mídia, internet e outros meios de comunicação são essenciais para o ensino-aprendizagem a distância, sendo estes meios de comunicação de grande valia.

Concernente as demais recomendações foram encontrados 6,25% das referências em relação aos seguintes itens: ao trabalho em equipe (multidisciplinar), a elevação do número de publicações de artigos, prescrições e registros com mais informações quanto a medicação, maior conhecimento técnico-científico para obtenção de menores quantidades de erros, maior atenção no descarte do material e administração de medicamentos, terapia medicamentosa e orientações gerais, a procura a fatores que levam a erros na administração de medicamentos, melhora na comunicação entre o enfermeiro e o paciente, o respeito ao código de ética do Conselho Federal de Enfermagem, seguir a técnica correta na administração de medicamentos, aumentar o número de funcionários da equipe, elaboração de estratégias e recomendações para se evitar erros e procurar seguir terapêutica mais assistencial.

 

DISCUSSÕES

 

Sobre alguns erros na administração de medicamentos temos através da conferência das prescrições médicas (os horários, dose e apresentação dos medicamentos dispensados pela farmácia). Esta é uma atitude que visa reduzir as falhas de administração de medicamentos. É importante ressaltar que a enfermagem é o elo final do processo de administração de medicamentos, e suas ações podem prevenir possíveis erros ou não. Além disso, há o próprio relato do erro pelo paciente. O paciente só saberá o que está sendo administrado se o colaborador da enfermagem falar que medicamento será ministrado, dose, via, entre outros. Os pacientes estão começando a participar mais da sua terapia medicamentosa, e acabam reconhecendo o medicamento pela cor, formato, consistência e com isso passam a auxiliar na prevenção dos erros. Erro detectado no aprazamento da prescrição, momento este que requer muita atenção, podendo o profissional detectar e prevenir novos erros, além do envio errado de medicações pela farmácia(10).

Visando a prevenção desses erros dentre outros é importante considerar a prescrição escrita e eletrônica quando possível (visando uma leitura legível) ou que possua coerência com a necessidade do cliente, utilização de código para medicamentos e identificação do paciente, dispensação por dose unitária, preparação de medicação observando sempre os princípios básicos de administração de medicamentos para segurança química da droga, notificação de efeitos adversos, interação multidisciplinar (farmácia, médicos e enfermeiros) e revisão da prescrição continuamente.

O desenvolvimento e implementação de cursos a distância para a capacitação dos profissionais de enfermagem são uma tônica relevante, na medida que, promove através das tecnologia de informação e comunicação uma educação que busca a interatividade, estimula a pesquisa favorecendo a participação ativa dos profissionais de enfermagem logo, também contribuindo para que os pacientes tenham uma assistência de enfermagem diferenciada.

A elaboração e planejamento desta forma de ensino foram realizadas de acordo com as atividades a serem implementadas pelos alunos. Foram elaboradas várias formas de interação aluno-aluno e aluno-professor, como por exemplo: apoio a leitura, perguntas freqüentes, entre outros. Isto possibilitou uma forma de aprendizagem melhor, mais dinâmica e compreensiva(11).

De acordo com as referências analisadas sobre os acidentes de trabalho em uma microrregião de Minas Gerais, os profissionais com diversas faixas etárias de idade estão relacionados à formação acadêmica, má qualificação profissional, carga horária de trabalho muito ampla, entre outros. Estes acidentes de trabalho prejudicam a imagem do profissional de saúde, pois são passíveis de prevenção e, no entanto, não são prevenidos, fazendo assim a assistência de saúde ao paciente ser deficiente(12).

A análise das referências com relação a causa raiz dos erros na administração de medicamentos mostra que os principais tipos de erros são: erros de doses; medicamentos não autorizados; erros de horário e técnica; erros de via; erros de prescrição, entre outros. Contudo na mesma referência analisada se viu que o processo de administração de medicamentos é aplicado de acordo com o protocolo de cada instituição hospitalar, portanto varia de uma instituição para outra(13).

De acordo com as referências podemos perceber que quando o conhecimento técnico-científico não esta sendo aplicado de acordo com os parâmetros regimentados pelos órgãos responsáveis pela enfermagem e que é ensinado pelas instituições de ensino superior e médio, então acabam tendo um déficit de conhecimento e logo se faz necessários orientações prévias pelo responsável da equipe para evitar erros na hora da administração de medicamentos.

A proposta de ensino a distância por meio de novas tecnologias, observada nas referências, mostrou-se útil para a educação e capacitação de profissionais de enfermagem, levando os mesmos a se capacitar e se inserir no mercado de trabalho de forma gradual. No entanto, pode-se observar que o ensino a distância por meio de diversos meios de comunicação tem ajudado os profissionais de enfermagem se capacitarem.

A administração de medicamento é uma das maiores responsabilidades da equipe de enfermagem no cuidar do paciente. Para que esta prática seja exercida de modo responsável, deve ser realizada com eficiência, segurança e ética, a fim de que sejam alcançados os objetivos da terapêutica implementada e, dessa forma, propiciar uma melhora no quadro clínico do paciente e eliminar a possibilidade de ocorrência de erros. Para tanto, a prática da administração de medicação tem como fundamento o conhecimento e o respeito à dignidade do ser humano(14).

Um erro na medicação pode causar ou levar ao uso inapropriado de certos medicamentos ou até mesmo a lesões ao indivíduo. Os erros nas prescrições causam danos à saúde do paciente, e por isso é importante prevenir para evitar estes erros. O processo de administração de medicamentos envolve diversos membros da equipe multidisciplinar. Porém o enfermeiro possui o papel fundamental no preparo e na administração de medicamentos, sendo assim, a total atenção é indispensável para a prevenção dos erros(15).

Estes profissionais de saúde podem sofrer processos judiciais, por terem cometido negligência, imprudência e até mesmo má prática ou inabilidade na hora da administração de medicamentos, logo isto leva estes profissionais a julgamento pela legislação civil. Esta realidade vem sendo mudada por muitos hospitais, através de treinamentos, orientações de padrões e procedimentos para estes profissionais de saúde. Isto levará a uma diminuição dos erros na hora de se administrar os medicamentos e levará uma melhor conduta para estes enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem(10).

As dúvidas por auxiliares e técnicos na administração de medicamentos, vistas nas referências estudadas, o nome genérico ou de marca, a semelhança dos nomes podem ser fatores de dúvidas por estes profissionais. Existem também dúvidas em relação as prescrições médicas. Com isso o farmacêutico é uma das principais fontes para se tirar dúvidas, porém não é a mais indicada, pois existem dúvidas que estão relacionadas na administração de medicamentos e somente o enfermeiro poderá tirar essas dúvidas.

Com relação a uma destas referências encontramos no contexto que o trabalho multidisciplinar é de fundamental importância para a ocorrência de um ambiente de trabalho bom e adequado. Assim ocorre maior interação entre a equipe, levando a um declínio na quantidade de erros que estava ocorrendo dentro desta equipe, esta que é coordenada por um enfermeiro.

Muitas recomendações são importantes para a melhoria da comunicação e garantia da administração de medicamentos correta ao paciente, dentre essas recomendações encontramos: implantação de prescrição eletrônica; identificação do paciente com pulseiras ou braceletes; garantia de um farmacêutico entre a equipe, entre outros(1).

Por meio destas referências podemos observar que a grande maioria dos erros na administração de medicamentos ocorre por falta de conhecimento técnico-científico, erros no preparo e descarte de material e a falta de comunicação e orientações prévias quanto à terapia medicamentosa. Contudo, se tais erros forem evitados com orientações, recomendações e treinamento da equipe, melhor comunicação entre os mesmos, então o ambiente de trabalho ficará melhor e os riscos relacionados aos erros na administração de medicamentos diminuirão acentuadamente.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

De fato, percebe-se que muitos desafios no âmbito da terapia medicamentosa estão relacionados à equipe de enfermagem. E uma das metas mais importantes é diminuir os erros na administração de medicamentos a partir do conhecimento dos fatores causais e da criação de estratégias para solucionar o problema. A administração de qualquer tipo de medicamento requer do enfermeiro uma base de conhecimentos científicos, técnicos e habilidades profissionais para realizar a terapêutica medicamentosa.

Os princípios fundamentais da administração de medicamentos pelo enfermeiro incluem: avaliar se o medicamento prescrito esta correto, avaliar a capacidade do paciente em fazer sua autoadministração de medicamentos, determinar o melhor horário para se administrar o medicamento e monitorar seus efeitos. O enfermeiro que preparar o medicamento deve administrar e não delegar aos auxiliares e técnicos. Estes procedimentos ajudaram muito na diminuição dos erros na terapia medicamentosa, o que levará a uma melhora na assistência de enfermagem(15).

Entretanto, alem dos fatores expostos, para diminuir os erros na administração de medicamentos, deve-se considerar a carga horária de trabalho do profissional, o número de profissionais trabalhando no setor, o treinamento em serviço através da educação continuada e a qualificação do profissional para atuar na atividade. Pois estes fatores sendo devidamente considerados auxiliarão na prevenção de erros e de acidentes de trabalho, fazendo com que o trabalho de enfermagem se torne cada vez melhor e mais respeitado.

A atualização dos profissionais, o desenvolvimento perito da técnica, a comunicação eficaz entre as equipes, boas condições de trabalho e o respeito aos órgãos regulamentadores possibilitam a administração eficaz de medicamentos evitando ao máximo os erros.

 

REFERÊNCIAS

1.       Silva AEBC, Cassiani SHB, Miasso AI, Opitz SP. Problemas na comunicação: uma possível causa de erros de medicação. Acta Paul Enferm [serial on the Internet]. 2007 July [cited 2011 Jul 26]; 20 (3): 272-6. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n5/pt_v15n5a19.pdf

 

 

2.       Cianciarullo TI. Instrumentos Básicos para o Cuidar: um desafio para a qualidade de assistência. São Paulo: Editora Atheneu; 2005.

 

3.       Brasil. Ministério da Saúde. ANVISA. Consulta Pública n.º 5, de 14 de janeiro de 2002. [cited 2011 Agol 19]; Avalaible from: http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B2720-1-0%5D.PDF.

 

4.       Freitas DF, Oda JY. Avaliação dos fatores de risco relacionados às falhas durante a administração de medicamentos. Arq Ciênc Saúde Unipar. [serial on the Internet]. 2008 September [cited 2011 Jul 26]; 12 (3): 231-7. Avalaible from: http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/2540/1983

 

5.       Cortez EA, Soares GRS, Silva ICM, Carmo TG, Carmo TG. Preparo e administração venosa de medicamentos e soros sob a ótica da Resolução COFEN n° 311/07. Acta Paul Enferm [serial on the Internet]. 2010 Dec [cited 2011 Jul 26]; 23 (6): 843-51. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v23n6/20.pdf

 

6.       Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem: Resolução COFEN 311 de 2007. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 2007.

 

7.       Conselho Federal de Enfermagem (COFEN). Lei do Exercício Profissional da Enfermagem: Lei 7.498 de 1986. Brasília: Conselho Federal de Enfermagem; 1986.

 

8.       Souza MT, Silva MD, Carvalho Rachel. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Rev Einstein [serial on the Internet]. 2010 June [cited 2011 Jul 26]; 8 (1): 102-6. Avalaible from: http://apps.einstein.br/revista/arquivos/PDF/1134-Einsteinv8n1_p102-106_port.pdf

 

9.       Mendes KDS, Silveira RCCP, Galvão CM. Revisão Integrativa: Método de Pesquisa para a Incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enferm [serial on the Internet]. 2008 Oct [cited 2011 Jul 26]; 17 (4): 758-74. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n4/18.pdf

 

10.   Franco J N; Ribeiro G; D’Innocenzo M; Barros B P A. Percepção da equipe de enfermagem sobre fatores causais de erros na administração de medicamentos. Rev Bras Enferm [serial on the Internet]. 2010 Nov [cited 2011 Jul 26]; 63 (6): 927-32. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/reben/v63n6/09.pdf

 

11.   Filho PCPT, Cassiani SHB. Ciclo de Criação e Avaliação do Módulo Administração de Medicamentos para Ensino à Distância. Rev Latino-am Enfermagem [serial on the Internet]. 2008 Jan [cited 2011 Jul 26]; 16 (1): 78-85. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v16n1/pt_12.pdf

 

12.   Izidoro J S, Iwamoto HH, Camargo FC. Delineamento dos acidentes de trabalho em instituições de saúde de uma microrregião de minas gerais. Cogitare Enferm [serial on the Internet]. 2010 July [cited 2011 Jul 26]; 15 (3): 521-7. Avalaible from: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/article/viewArticle/18898

 

13.   Teixeira TCA, Cassiani SHB. Análise de Causa Raiz: Avaliação de erros de medicação em um hospital universitário. Rev Esc Enf USP [serial on the Internet]. 2010 Jan [cited 2011 Jul 26]; 44 (1): 139-46. Avalaible from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n1/a20v44n1.pdf

 

14.   Araújo CRD, Costa SFG, Sousa ATO, Nóbrega MML. Scientific publications about errors in medication administration in online nursing journals: a review article. Online Braz J Nurs (Online). [serial on the Internet]. 2009; [cited 2011 May 7]; 8 (3). Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2009.2526/556

 

15.   Potter PA, Perry AG. Fundamentos de Enfermagem: Conceitos, Processos e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2009.

 

Recebido: 25/08/2011

Aprovado: 13/04/2012