AÇÕES DE ENFERMAGEM IDENTIFICADAS NO PROJETO CIPESC® E ENCONTRADAS NA PRÁTICA EDUCATIVA DE PACIENTES HIPERTENSOS
Sara T. F. Bezerra, Manuela M. F. Coelho, Lucia de Fatima da Silva, Maria Célia de Freitas, Maria V. C. Guedes
Resumo:
A hipertensão arterial é uma doença crônica cujo tratamento altera o estilo de vida do seu portador. Neste estudo buscou-se identificar as ações desenvolvidas pelos enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF), em prática educativa junto a clientes hipertensos, a partir da listagem dos resultados do Projeto CIPESC®. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com vistas a validar os resultados alcançados no Projeto CIPESC®-Brasil, desenvolvido com doze enfermeiros em Fortaleza-CE. A investigação foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e a participação dos enfermeiros foi livre, inclusive com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Coletaram-se dados com um questionário elaborado a partir dos resultados da CIPESC® com 88 ações educativas para pacientes hipertensos. Também se procedeu à observação simples da consulta de enfermagem para acompanhar os enfermeiros ao realizarem educação em saúde. Encontrou-se que 50 (56,8%) ações foram de larga utilização pelos 12 (100%) enfermeiros, 33 (37,5%) de média e 5 (5,7%) de baixa utilização, ou seja, todas as 88 ações apontadas no Projeto CIPESC® como possíveis de serem utilizadas em Educação em Saúde com clientes hipertensos tiveram sua utilização confirmada pelos. As ações se encontravam nos seguintes eixos: Atender, 31; Informar, 30; Observar, 17 e Gerenciar, 10. Concluiu-se que as ações identificadas no Projeto CIPESC® estão sendo executadas pelos enfermeiros do Programa Saúde da Família com pacientes hipertensos.
Palavras-chave: Hipertensão, educação em saúde, saúde da família
ACCIONES DE ENFERMERÍA IDENTIFICADAS EN EL POYECTO CIPESC® Y ENCUENTRADAS EN EL PRACTICA EDUCATIVA DE PACIENTES HIPERTENSOS
Resumen:
La hipertensión arterial es una enfermedad crónica cuyo tratamiento modifica la manera de vivir de su portador. En este estudio, se buscó identificar las acciones desarrolladas por los enfermeros del Programa Salud de la Familia, en practica educativa junto a clientes hipertensos, a partir de los resultados del Proyecto CIPESC®. Se trata de un estudio exploratorio-descriptivo que tiente como objetivos validar los resultados alcanzados en el proyecto CIPESC®-Brasil desarrollado con doce enfermeros en Fortaleza-CE. La investigación fue aprobada por el Comité de Ética en Pesquisa de la Universidad Estadual de Ceará y la participación de lo enfermeros fue libre, incluso con la utilización del Termo de Consentimiento Libre y Esclarecido. Se han colectado datos con un cuestionario elaborado a partir de los resultados de la CIPESC® con 88 acciones educativas para pacientes hipertensos. Aún se procedió a la observación simple de la consulta de enfermería para acompañar los enfermeros al realizaren la educación en salud. Se encontró que 50 (56,8%) acciones fueron de ancha utilización por las 12 (100%) enfermeros 33 (37,5%) de media utilización y 5 (5,7%) de baja utilización, o sea, todas las 88 acciones apuntadas en el Proyecto CIPESC® como posibles de ser utilizadas en Educación en Salud con clientes hipertensos tuvieron su utilización confirmada por los enfermeros. Las acciones se encontraban en los siguientes ejes: atender, 31; informar, 30; observar, 17 y gerencia, 10. Se concluyó que las acciones identificadas en Proyecto CIPESC® están siendo ejecutadas por los enfermeros del Programa Salud de la Familia con pacientes hipertensos.
Palabras-clave: Hipertensión, educación en salud, salud de la familia
Introdução
Em diversas partes do mundo os enfermeiros têm investido na produção de conhecimentos destinados a favorecer o desenvolvimento de sistemas de classificação da prática de enfermagem e definir fenômenos e ações, criando uma linguagem uniforme de modo que a descrição permita evidenciar, na enfermagem, suas contribuições para a melhoria da qualidade do cuidado à saúde dos indivíduos, da família e da comunidade1.
No Brasil, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), sob orientação do Conselho Internacional de Enfermagem (CIE) e apoio financeiro da Fundação W. K. Kellogg, desenvolveu no período de 1996 a 2000 um estudo privilegiando a atenção primária de saúde. Este estudo deu origem à Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC®)2,3.
Os resultados desta classificação trazem o rol de ações desenvolvidas pelos enfermeiros que atuam em saúde coletiva no Brasil, dentre as quais este estudo destaca as relacionadas ao processo educativo em saúde, em especial, voltado para o cuidado às pessoas portadoras de hipertensão arterial.
Como problema de saúde coletiva, a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco das doenças cardiovasculares. Conforme apontam os dados da Campanha de Prevenção da Sociedade Brasileira de Hipertensão (realizada em 2000) publicados na Revista de Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde4, 25 a 30% dos adultos são hipertensos.
De acordo com o evidenciado por alguns estudos5,6, os pacientes hipertensos, apesar das orientações recebidas nas consultas médicas e de enfermagem, apresentavam dificuldades em aderir ao tratamento, e mostravam respostas pouco satisfatórias, em face do baixo percentual de pacientes com níveis pressóricos considerados normais. Este fato, de certo modo, permite se inferir que as atividades de educação em saúde ainda não alcançam os objetivos de contribuir com os clientes para a adesão ao tratamento da hipertensão arterial.
Educação em saúde requer maior aproximação entre educador e clientela a ser educada. Portanto, o primeiro deve assumir a condição de coordenador do processo ensino-aprendizagem e ter como instrumento de trabalho prioritário o diálogo. Esta é uma condição essencial na tarefa de educar de forma libertadora, porque só assim o homem tem liberdade de aprender7;8.
Quando se trata da prática de cuidado às pessoas hipertensas, foi importante, neste estudo, verificar como os enfermeiros participantes identificam as ações de enfermagem relacionadas ao processo educativo em saúde direcionado à sua clientela, considerando o contexto da Estratégia Saúde da Família, em Fortaleza-CE. Assim, pretendeu-se com a investigação validar os resultados alcançados no Projeto CIPESC®, relacionados às ações de educação em saúde.
Desse modo, o objetivo do estudo foi identificar as ações desenvolvidas pelos enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF), em prática educativa junto a clientes hipertensos, a partir da listagem dos resultados do Projeto CIPESC®.
Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo considerando a proposta de validação dos resultados do Projeto Classificação das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva-CIPESC® desenvolvido pela ABEn, no período de 1996 a 2000. As 2.754 ações de enfermagem identificadas no referido projeto foram agrupadas nos eixos: informar 731; atender 716; observar 650; gerenciar 557 e desempenhar 100 ações9.
Inicialmente, a partir desses resultados foram selecionadas 682 ações que supostamente, estavam relacionadas à prática educativa com pacientes hipertensos. Esta seleção foi avaliada por cinco enfermeiros que acompanham clientes portadores de hipertensão arterial, em outros postos de saúde e, após discussão das sugestões, a lista foi refinada chegando a 88 ações, distribuídas nos eixos: informar 30; atender 31; observar 17; gerenciar 10. Não foram identificadas ações no eixo desempenhar. Estas ações foram utilizadas para a elaboração do questionário utilizado para coleta definitiva de dados.
O Município de Fortaleza-CE está administrativamente dividido em seis Secretarias Executivas Regionais, nas quais se distribuem 87 equipes de saúde da família. Este estudo foi realizado na Secretaria Executiva Regional IV (SER IV) que, à época da coleta de dados, possuía doze equipes em atividade, contando cada uma com um enfermeiro, cujo total constituiu a amostra da investigação. Em todas Unidades Básicas de Atenção à Saúde da Família (UBASF) o Programa de Controle da Hipertensão Arterial está implantado com clientela inscrita, consultas mensais e distribuição de medicamentos.
Coletaram-se dados por meio de um questionário auto-aplicado onde estavam expostas todas as ações identificadas no Projeto CIPESC® para que os enfermeiros assinalassem aquelas que estão presentes no cotidiano de sua prática de cuidar de clientes hipertensos. Esta etapa ocorreu no período de fevereiro a maio de 2005.
Para análise dos resultados, classificou-se como de larga utilização as ações identificadas por 100% das participantes; de média utilização quando indicadas por mais de 50% e menos de 100% da amostra; e de baixa utilização quando apontadas por 50% ou menos dos enfermeiros respondentes.
Precedendo o desenvolvimento da pesquisa, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e seguiu todas às recomendações do Conselho Nacional de Saúde, segundo a Resolução 196/9610.
Resultados e discussão
A análise das ações de enfermagem apontadas pelas participantes da amostra permite observar que 50 (56,8%) destas ações foram identificadas por 12 (100%) dos enfermeiros, caracterizando larga utilização das mesmas, 33 (37,5%) foram de média utilização e 5 (5,7%) de baixa utilização, ou seja, todas as 88 ações apontadas no Projeto CIPESC® como possíveis de serem utilizadas em Educação em Saúde com clientes hipertensos tiveram uso confirmado pelos enfermeiros.
Quadro 1- Ações de enfermagem classificadas no eixo Tipo de ação – Informar e identificadas pelos enfermeiros segundo a utilização no processo de educar os clientes hipertensos. Fortaleza – CE, 2005.
Ações de Enfermagem no eixo Informar |
Freqüência |
Orientar alimentação de paciente hipertenso |
12 |
Orientar hipertensos sobre como tomar os medicamentos |
12 |
Orientar importância da continuidade de tratamento da hipertensão |
12 |
Comunicar à família os problemas do paciente |
12 |
Comunicar alterações do estado de saúde dos pacientes (pressão arterial) |
12 |
Orientar exercícios físicos para hipertensos |
12 |
Orientar cuidados gerais de saúde ao hipertenso |
12 |
Orientar pacientes hipertensos para o autocuidado |
12 |
Orientar paciente hipertenso quanto ao controle da pressão arterial |
12 |
Orientar paciente quanto hidratação |
12 |
Orientar pacientes para evitar a automedicação |
12 |
Orientar usuários sobre os programas existentes na Unidade de Saúde |
12 |
Orientar verbalmente analfabetos sobre cuidados com uso de medicamentos prescritos |
12 |
Registrar evolução no prontuário |
12 |
Registrar informações de enfermagem no prontuário do paciente |
12 |
Perguntar ao paciente qual é a sua pressão arterial usual |
12 |
Perguntar ao paciente se tomou medicamento |
12 |
Explicar ao paciente a identificação do medicamento e os efeitos esperados |
12 |
Explicar ao paciente a indicação da medicação prescrita |
12 |
Explicar ao paciente a razão da necessidade do descanso antes da verificação da pressão arterial |
12 |
Explicar ao paciente os problemas decorrentes da interrupção do tratamento |
12 |
Anotar sinais vitais em caderneta de quem faz controle da pressão arterial |
11 |
Fazer anotações em impressos específicos |
11 |
Registrar informações obtidas junto ao paciente: orientações recebidas, ações desenvolvidas |
11 |
Registrar recusa do paciente em submeter-se aos procedimentos |
11 |
Explicar ao hipertenso o trabalho da equipe multiprofissional |
11 |
Orientar nas salas de acolhimento |
09 |
Preencher ficha padronizada, com levantamento de dados, durante investigação epidemiológica |
08 |
Desenvolver sessões educativas semanais para hipertensos |
06 |
Realizar atividades educativas, através do teatro, com hipertensos |
03 |
Percebe-se que o padrão Informar corresponde às ações de orientações quanto às mudanças no estilo de vida do paciente, em especial no que se refere à sua alimentação, a importância da prática de exercícios físicos, o uso regular dos medicamentos prescritos e a identificação de sintomatologia característica de alteração nos níveis pressóricos. Refere-se também ao trabalho realizado pela equipe multiprofissional, a relevância da participação do paciente e de sua família nos cuidados com o controle dos níveis da pressão arterial, e a capacidade do enfermeiro para ajudar os clientes a fazerem opções saudáveis que contribuam para seu bem-estar11.
Ao observar que 100% das profissionais confirmam 21 ações de enfermagem, percebe-se a posição privilegiada da enfermagem na educação da referida clientela, sendo responsável por orientações desde o modo de seguir às prescrições médicas quanto à medicação, conhecer sua importância na continuidade do tratamento até o modo de alimentação, na prática de exercícios físicos, além dos serviços burocráticos da profissão, tais como registro de informações em prontuários, preenchimento de boletins, entre outros.
Quadro 2- Ações de enfermagem classificadas no eixo Tipo de ação – Atender e identificadas pelos enfermeiros segundo a utilização no processo de educar os clientes hipertensos. Fortaleza – CE, 2005.
Ações de Enfermagem no eixo Atender |
Freqüência |
Apoiar emocionalmente o paciente em suas necessidades, para diminuir sua ansiedade |
12 |
Apoiar o paciente na resolução de suas dúvidas em relação ao atendimento recebido |
12 |
Encorajar o paciente a explicitar suas dificuldades e problemas para os médicos |
12 |
Envolver a família no atendimento do paciente hipertenso |
12 |
Estimular a aderência do paciente ao tratamento |
12 |
Estimular confiança do paciente no atendimento prestado |
12 |
Fazer atendimento individual |
12 |
Prescrever medicamentos de rotina |
12 |
Buscar maior proximidade com o paciente/cliente |
12 |
Comprometer-se com o paciente |
12 |
Conversar com paciente para identificar sintomas |
12 |
Estabelecer relação de confiança com a clientela |
12 |
Humanizar o atendimento de enfermagem à clientela |
12 |
Minimizar desconforto do paciente |
12 |
Respeitar o paciente em suas necessidades |
12 |
Ver o cliente como um todo |
12 |
Fazer consulta de enfermagem no domicílio a hipertensos |
11 |
Prescrever cuidados com a doença |
11 |
Desenvolver ações preventivas |
11 |
Acolher (conversar, escutar, examinar, encaminhar e agendar) usuárioS em suas necessidades |
11 |
Tranqüilizar o paciente antes e durante a realização de procedimentos |
11 |
Cuidar de paciente em crise hipertensiva |
10 |
Desenvolver ações de vigilância epidemiológica |
10 |
Comunicar-se com o paciente em sua residência para controle de estado de saúde |
10 |
Implementar Programa de Vigilância Epidemiológica em Hipertensão Arterial |
09 |
Atender a demanda espontânea de hipertensos |
08 |
Realizar reuniões em grupo para atendimento dos pacientes |
08 |
Tomar medidas de controle de agravos à saúde |
08 |
Inscrever hipertensos em grupos |
07 |
Fazer reunião com hipertensos e os médicos do Programa de Saúde da Família |
06 |
Atender a demanda desorganizada de hipertensos |
06 |
As ações do padrão Atender são aquelas que proporcionam a confiança necessária a um relacionamento terapêutico entre cliente e profissional, além de ações preventivas, ações de vigilância epidemiológica, prescrição de medicamentos, visitas domiciliares além de organizar a demanda espontânea de pacientes11.
A utilização dessas ações, na prática educativa dos enfermeiros com clientes hipertensos, são de extrema importância, posto que esta categoria profissional está envolvida em todos os níveis de cuidado de saúde, com o propósito de promover, manter e/ou restaurar o nível de saúde do cliente, mediante julgamento crítico das necessidades individuais do mesmo.
Quadro 3- Ações de enfermagem classificadas no eixo Tipo de ação – Observar e identificadas pelos enfermeiros segundo a utilização no processo de educar os clientes hipertensos. Fortaleza – CE, 2005.
Ações de Enfermagem no eixo Observar |
Freqüência |
Conhecer a família do hipertenso |
12 |
Fazer levantamento de hipertensos na comunidade |
12 |
Identificar o estilo de vida do hipertenso |
12 |
Identificar os problemas apresentados pelo paciente |
12 |
Levantar riscos ambientais (biológicos, físicos, químicos, econômicos) |
12 |
Analisar história do paciente |
12 |
Averiguar a compreensão do paciente acerca da orientação dada |
12 |
Medir pressão arterial dos hipertensos |
12 |
Pesquisar hábitos alimentares do paciente hipertenso |
12 |
Pesquisar uso de álcool |
12 |
Pesquisar uso de fumo |
12 |
Selecionar grupos para orientação |
11 |
Checar seguimento de orientações |
11 |
Pesar o paciente na primeira consulta |
11 |
Verificar junto ao paciente a utilização de medicação e cuidados gerais |
11 |
Acompanhar evolução de dados do paciente: peso, pressão arterial |
11 |
Fazer anamnese do paciente hipertenso |
11 |
A alta freqüência das ações de enfermagem nesse eixo permite confirmar a importância da habilidade dos profissionais de enfermagem na observação de clientes sob seus cuidados, no caso em discussão os clientes hipertensos, pesquisando seus hábitos de vida e os de sua família. Nesse sentido, para educar em saúde o profissional precisa acreditar que tem potencialidades para ajudar o cliente a encontrar ações e soluções para seus problemas7.
Quadro 4- Ações de enfermagem classificadas no eixo Tipo de ação – Gerenciar e identificadas pelos enfermeiros segundo a utilização no processo de educar os clientes hipertensos. Fortaleza – CE, 2005.
GERENCIAR |
Freqüência |
Controlar o programa de hipertensão arterial |
12 |
Sistematizar a orientação sobre a medicação, por escrito, para o paciente |
12 |
Agendar retornos para controle do estado de saúde de hipertensos |
11 |
Marcar reuniões educativas |
11 |
Planejar ações de enfermagem |
11 |
Elaborar programa de educação em saúde para o hipertenso |
10 |
Planejar a consulta de enfermagem e avaliar resultados |
09 |
Convocar pacientes com resultados de exames alterados |
08 |
Coordenar grupos de hipertensos |
08 |
Aplicar técnicas de relaxamento com grupo de clientes hipertensos após palestra |
03 |
O padrão gerenciar abrange cuidados que vão desde o gerenciamento do serviço até administração de medicamentos e encaminhamento do cliente a outro serviço11. As ações identificadas pelos enfermeiros neste eixo servem de subsídio para avaliar a dinâmica das atividades desenvolvidas na unidade de saúde com a clientela estudada, no intuito de envolvê-la nas ações da equipe multiprofissional.
Atendendo ao objetivo da pesquisa de validar a utilização das ações de educar em saúde clientes hipertensos na prática profissional dos enfermeiros, considera-se que os resultados obtidos apontam uma freqüência de concordância alta para a maioria das ações.
Considerações Finais
A partir dos resultados relatados, fica evidenciado o alcance do objetivo proposto, pois das 2.754 ações resultantes do Projeto CIPESC® e classificadas como realizadas em resposta a um diagnóstico de enfermagem, 88 ações foram identificadas e confirmadas, em sua grande maioria, pelos enfermeiros estudados na sua prática educativa junto aos clientes hipertensos.
Pode-se inferir por esses resultados que as ações de enfermagem resultantes do Projeto CIPESC®, identificadas pelos enfermeiros, demonstram, que elas usam essas ações para educar clientes hipertensos. Ainda conforme se pode perceber, a uniformização da prática, mesmo em um país com as diferenças econômicas e culturais como o nosso, é possível e válida.
Diante destes achados, sugere-se que estudos semelhantes a esta investigação sejam desenvolvidos em cenários similares, e em outros contextos do cuidado, tendo em vista que os resultados do Projeto CIPESC® carecem de pesquisas que propiciem a aplicação dos seus resultados.
Referências
1. Nóbrega MML, Gutiérrez MGR. Sistemas de classificação em enfermagem: avanços e perspectivas. In: Sistemas de classificação da prática de enfermagem: um trabalho coletivo. João Pessoa: ABEn; 2000. p. 19-27.
2. Antunes MJM, Chianca TCM. As classificações de enfermagem na saúde coletiva: o projeto CIPESC®. Rev Bras Enferm Brasília 2002; 55(6): 644-651.
3. Cruz ICF. The implementation of the nursing process methodology: problems and perspectives. Online Braz J Nurs [online] 2002; 1(1) [Acesso em: 10 de abril de 2006] Disponível em: www.uff.br/nepae/objn101cruz.htm.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Justificativa: por que hipertensão e diabetes? Revista de hipertensão e diabetes Brasília 2001; 1(1).
5. Guerra EMD. Recusa ao tratamento da hipertensão arterial: contribuição para o refinamento do diagnóstico [Dissertação de Mestrado]. Fortaleza (CE): Universidade Federal do Ceará; 1998.
6. Araujo CAR. Aderência do cliente hipertenso ao tratamento: um estudo em uma instituição de saúde de referência estadual [Dissertação de Mestrado]. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará; 1999.
7. Guedes MVC. Educação em saúde: a utopia possível [Tese de Livre Docência]. Fortaleza (CE): Universidade Estadual do Ceará; 1999.
8. Freire P. Educação como prática de liberdade. 19. ed. São Paulo: Paz e Terra; 1989.
9. Garcia TR, Nóbrega MML. Projeto CIPESC®-CIE/ABEn: Inventário vocabular de fenômenos e ações de enfermagem em saúde coletiva. In: Sistemas de classificação da prática de enfermagem: um trabalho coletivo. João Pessoa: ABEn; 2000. p. 83-170.
10. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/1996.
11. Santos SMJ, Nóbrega MML. Ações de enfermagem identificadas no Projeto CIPESC® e utilizados por enfermeiros no cuidado de pacientes com AIDS. Rev Esc Enferm USP São Paulo 2004; 38(4): 369-379.